quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?

Domingo de tarde fria e preguiçosa, nada melhor que um filminho água com açúcar na TV pra continuar em ritmo lento, só esperando a segunda chegar. Ali estava (assistindo "Imagine eu e você") quando um dos personagens, uma menininha fofa, surge com essa pergunta: “O que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?”.

Fiquei pensando, não apenas na resposta, mas em exemplos práticos dessa questão e, claro, meu “sossego dominical” acabou.

Acredito que cada pessoa seja capaz de imaginar várias situações em que esse embate ocorra, seja na física, na filosofia, na religião. Eu sou capaz de ilustrar apenas um: o emocional.

Existiria, afinal, força mais impossível de conter do que a paixão ou o amor?

Como subjugar algo que arde, descontrola e enlouquece, ao mesmo tempo que acalma, acalenta e enobrece? E por que desejar fazê-lo?

Mas há quem ignore, negue ou dissimule suas paixões. E é aí que surgem os tais objetos intransponíveis.

Não pode existir amor, paixão, desejo se a pessoa amada coloca limites intransponíveis.

Para a paixão florescer ela precisa de terreno fértil, não de muros.

E haverá muro maior do que o medo de amar, de ser amado, de viver uma paixão avassaladora?

Amor e medo, entrega e contenção, não podem existir juntos, não há espaço. Um arrebata, outro freia.

Aí voltamos à questão: o que acontece quando uma força irrefreável encontra um objeto intransponível?

Pra mim a resposta é única: NADA!


Assim, deixo os limites intransponíveis pra quem gosta deles. E sigo meu caminho amando, porque como bem disse Vinícius de Moraes, “a vida só se dá pra quem se deu, pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”. Eu quero amar e viver... “irrefreavelmente”.

(Texto escrito em 20/09/2010 e publicado no meu blog da época: euacreditoemfadasacreditoacredito.blogspot.com)

O belo


Existem filmes, assim como livros, poemas e músicas, que nos tocam profundamente a cada vez que assistimos. Ontem assisti, pela terceira ou quarta vez, o filme “Beleza Americana” e, novamente estou refletindo à respeito. Sempre uma reflexão nova, já que momentos diferentes levam a percepções e emoções diferenciadas, mas novamente intensa.
Neste momento, em que convivo com a beleza e a podridão humanas (inclusive as minhas), vejo como as pessoas estão cada vez mais distantes de si mesmas.
Explicações são muitas: a correria do dia-a-dia, altas exigências, a competitividade no trabalho, a eterna falta de tempo...
Mesmo assim impressiono-me ao vê-las tão desligadas de seu mundo interior.
Hoje em dia o ser humano não mais vive, ele atua. Frente às dificuldades, quando ele não se esquiva, ele age. Resolve o problema de modo muito prático e eficiente, sem parar pra pensar, sem tentar entender, apenas age, faz, atua. E o emocional, como fica? Não fica! Às vezes nem existe! Essa é a resposta.
Não há tempo de sofrer, de aprender com a situação, de chorar. Enfia-se a sujeira embaixo do tapete.
“Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”. Valoriza-se o belo, a vitória, o status, a aparência. O interior vai se esvaindo e sobra só o buraco. Talvez por isso exista tanta gente dizendo sentir “um vazio” no peito, na vida.
Como a linda rosa do filme: perfeita, viçosa, de encher os olhos, mas sem perfume.
Já imaginou isso? A mais bela flor sem perfume? De que vale uma flor se não pra cheirar, pra perfumar?
De tempos em tempos ouço a pergunta: “É impressão minha ou as pessoas estão cada vez mais doentes?”. Não é impressão, não. Doenças físicas, doenças do coração, doenças da alma.
Não é à toa. Cadê seu tempo pra você, cadê seu cuidado consigo mesmo, cadê você? Qual foi a última vez que chorou, que pediu colo, que riu como criança, que se deixou sofrer, que admitiu medo, que disse “eu não sei”, que amou, que viveu?
Chega de colocar curativos nas feridas. Vamos esfregar com água e sabão pra limpar direito e fazer sarar.
Não tenha medo de se olhar no espelho, se conhecer, tocar sua alma. Você descobrirá muitos podres, com certeza, mas descobrirá a pessoa mais bela que existe: você mesmo!

Quando a criança precisa de psicoterapia


Ao menor sinal de dor, seja ela de garganta, ouvido ou barriga, os pais levam seus filhos correndo para o pediatra. Se a dor for de dente, também não pestanejam para procurar o dentista de sua confiança. Mas quando a dor é da alma e não se manifesta fisicamente, muitos relutam ou demoram muito tempo até procurar ajuda.

A criança, assim como o adulto, também sente, sofre, chora, se preocupa, se entristece. Quando alguma coisa não vai bem, seja em casa, na escola, com os amigos ou consigo mesma, ela também, se desestabiliza, mas demonstra esse sofrimento de maneira muito peculiar, seja agredindo os colegas, fazendo xixi na cama, chorando sem motivo, indo mal na escola...

Na maioria das vezes as crianças são levadas ao psicólogo apenas quando entram na escola. Isto acontece por vários motivos. Primeiro porque na escola qualquer déficit da criança torna-se mais aparente, seja em relação a aprendizagem, linguagem ou qualquer outra habilidade, e é mais facilmente identificado pelos professores.

A escola também é o primeiro lugar onde a criança tem a oportunidade de interagir socialmente, fora do ambiente familiar. E nessa situação, o baixo repertório social fica evidente nas más relações com os amigos, desobediência às regras e agressividade.

As queixas mais comuns são justamente estas, ou seja, as relacionadas a comportamentos impróprios e inaceitáveis.

Quando a criança distribui socos e pontapés aos amiguinhos, tira notas baixas, se recusa a fazer a lição, faz a maior bagunça na casa dos avós ou volta a fazer xixi na cama, é bem mais fácil perceber que ela não está bem.

No entanto, muitas crianças externalizam seu sofrimento isolando-se, ficando muito quietas, apáticas, sem demonstrar interesse por nada ou reagir a qualquer estímulo. Estas crianças não atrapalham a aula, não envergonham os pais, mas também demonstram, à sua maneira, que algo não vai bem e que precisam de ajuda.

A terapia infantil é bastante diferente da do adulto. Os pais são chamados para um primeiro encontro tanto para relatar as dificuldades do filho como para dar um histórico de sua vida. E quando a criança chega à terapia, tem espaço para brincar, desenhar e conversar sobre tudo o que quiser, contar seus segredos, idéias, preocupações e sentimentos.

Os pais também são importantíssimos neste processo, no sentido de transmitir informações sobre a criança e aprender a lidar com ela da melhor maneira possível. É essencial que estes percebam que estão envolvidos no processo e que, juntamente com o psicólogo, são responsáveis e capazes de propiciar um desenvolvimento emocional saudável a seus filhos.

Pais, aproveitem as férias, curtam seus filhos!


Durante a vida toda, os pais são os principais personagens, a maior influência para os filhos.

Até os 5 anos, a criança idealiza os pais, considera-os perfeitos, porque depende deles para tudo. Através de seus exemplos, terá suas primeiras experiências, imitará os seus gestos, repetirá suas palavras, aprenderá os primeiros passos.

Ela busca suas respostas apenas junto aos pais, e tudo o que disserem será encarado como verdade absoluta. Quem nunca ouviu seu pimpolho dizer, sem sombra de dúvida, “Minha mãe que disse!” ?

Apenas perto da pré-adolescência essa “idolatria sem limites” modifica-se. Os filhos aprender a questionar, a confrontar os valores dos pais com os que recebem do mundo e começam, então, a optar por seus próprios caminhos, suas próprias verdades.

O crescimento de uma criança é o resultado de sua relação com os pais. Ela têm necessidade de ser ouvida, compreendida e ter suas solicitações de fome, sono, diversão e afeto atendidas. Quanto mais protegida e amada uma criança sente-se, maior é a probabilidade de tornar-se um adulto seguro de si mesmo e capaz de escolher os melhores caminhos.

Devido a esses motivos é tão importante que os pais dediquem um tempo de seu dia exclusivamente para os filhos.

Porém, como tempo para a família é “mercadoria rara” hoje em dia, o jeito é compensar a falta de quantidade com qualidade. Como??? Não levando trabalho para casa, tirando férias, ligando para a casa durante o dia e aproveitando as oportunidades que têm com os filhos, na hora de preparar o jantar, de ajudar na lição de casa e, principalmente, de brincar.

O mais importante é que os pais estejam acessíveis, não apenas para que as crianças possam recorrer a eles quando precisam de ajuda ou têm dúvidas, mas, principalmente, para dividir as descobertas de seu próprio universo.
Por isso, pais, aproveitem as férias escolares de seus filhos. Parem um pouco de reclamar do barulho, da desordem da casa. Baguncem, deitem e rolem junto com seus filhos, e vocês descobrirão a riqueza do universo infantil e a beleza única de participar do crescimento do seu filho.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O primeiro dia de aula

Enquanto as crianças choram sem parar de um lado, os pais ficam com o coração na mão do outro lado do portão da escola. Os primeiros dias de aula quase sempre são assim, delicados para pais e filhos.

Para os filhos porque têm que enfrentar situações novas: separar-se dos pais, adaptar-se ao ambiente escolar e às exigências do processo educacional.

E para os pais porque nem sempre estão convencidos de sua decisão de colocar seus “pequenos” na escola. Será que ele vai se acostumar? Será que vai ficar traumatizado por ficar sozinho tão cedo? Será que essa é a melhor escola?

O que eles não sabem é que essas ansiedades e dúvidas estão diretamente relacionadas com a dificuldade de adaptação da criança.

Por este motivo é imprescindível que, quando a criança for entrar na escola, todos estejam convencidos de que essa é a melhor decisão.

Racionalmente, não há dúvidas: o ingresso no escola é sempre positivo.

É graças à escola e as atividades que exigem que a criança acostume-se a esperar sua vez, dividir os brinquedos, sentar-se na hora que pedem, evitar o que é proibido e expressar o que pensa, que ela aprende a respeitar regras e limites e exercer suas habilidades sociais e emocionais, tornando-se mais segura e independente.

Existem algumas soluções para minimizar o sofrimento de pais e filhos que estão prestes a se separar:

· Em primeiro lugar, ao escolher a escola, opte por uma cuja orientação combine com o jeito da família e que ofereça, antes de mais nada, um ambiente estimulante e seguro, supervisionado por adultos preparados.

· Preparar a criança também é indispensável. Escolha uma escola que tenha uma política de adaptação lenta e gradual. Leve a criança para conhecer a escola, comprar os materiais, fale sobre o que ela vai encontrar lá, enfim deixe-a familiarizada, segura e motivada com a idéia.

· No primeiro dia, certifique-a de que estará por perto se precisar. 

· Se na hora da chegada à escola ela chorar, vá adiante e ajude-a a se integrar com os amigos e insista lembrando-a de todas as coisas divertidas que encontrará. Ao sair, despeça-se. Sair escondido gera desconfiança.

· Combine o horário de buscá-la e cumpra pontualmente.
· Se no início a criança chorar muito, mostrar-se apática, agressiva ou hiperativa, é sinal de que a adaptação está sendo muito difícil. Nesse caso, mantenha a calma e espere ela adaptar-se devagar, mesmo que isso demore mais do que você imaginava.

A primeira grande separação é sempre muito dolorosa tanto para os pais quanto para as crianças, então, separe uma dose extra de atenção, carinho e amor, pois seu filho precisa de sua ajuda para tornar esse processo mais tranquilo e prazeroso.

http://www.aspmi.com.br/v2/aspminoticias/edicoes/fevereiro2010/8.pdf